O Palácio Guanabara atribui o caos na saúde pública à falta de recursos em caixa, gerada pela redução na arrecadação, queda do preço do petróleo e a crise da Petrobras, que mantém a maioria de suas operações no Estado, além dos reflexos da crise nacional.
Especialistas, no entanto, apontam que outros fatores levaram à crise, entre eles falhas de gestão das finanças públicas, a ausência de um fundo soberano com excedentes dos royalties do petróleo e os próprios Jogos Olímpicos, que trazem vantagens e desvantagens para o Estado.
Um dos setores mais criticados pelos manifestantes que tomam as ruas do Brasil pedindo melhorias nos serviços prestados pela esfera pública, a saúde, é alvo de grande preocupação dos médicos do Estado do Rio, onde está em situação de calamidade pública. O Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (Sinmed/RJ) e o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) apontam a baixa remuneração, condições precárias de trabalho e falta de estímulo para a interiorização dos profissionais como os principais problemas do setor.
De acordo com o presidente do Sinmed/RJ, Jorge Darze, a saúde pública fluminense se encontra em calamidade pública pelo fato de não ter sido prioridade nas políticas do governo. Segundo ele, as ações prioritárias foram com os “canteiros de obras, como a TransOeste e o Maracanã, que deixaram a saúde e a educação como canteiro secundário”.
“O Rio de Janeiro virou um verdadeiro canteiro de obras em detrimento da saúde e educação, que ficaram em segundo plano. E numa região aonde a saúde e educação vão muito mal, fica claro que a prioridade deveria ter sido outra. Além disso, opções dadas para sanar os problemas na saúde estão longe de representar uma solução. Tanto o governo estadual como o municipal querem entregar as unidades públicas para o setor privado, através das Organizações Sociais ou empresas privadas, como a Facility, que trabalham na lógica do lucro. A dinâmica tem sido na contramão da Constituição e da legislação do SUS. A Constituição diz que é dever do Estado dar saúde aos cidadãos, então não pode relegar a terceiros”, critica Darze.
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